Notícias aparentemente contraditórias.

Dum lado está a China que aumenta as próprias exportações com um fantástico + 48,5 %.

A seguir as boas notícias que chegam dos Estado Unidos:

A confiança dos consumidores norte-americanos aumentou, em Junho, para o nível mais elevado de mais de dois anos.
O índice Thomson Reuters/ Universidade de Michigan avançou para 75,5 pontos, valor mais elevado desde Janeiro de 2008, contra 73,6 pontos.
Os economistas consultados pela Bloomberg apontavam para uma leitura de 74,5 pontos.

Leitura inferior ao esperado mas sempre positiva.

E depois esta:

Vendas dos retalhistas norte-americanos caem em Maio

As vendas a retalho caíram, inesperadamente, em Maio nos EUA, numa altura em que o mercado de trabalho ainda não deu sinais claros de melhorias, pelo que as famílias estão a revelar resistência em gastar dinheiro.

As vendas a retalho caíram, inesperadamente, em Maio nos EUA, numa altura em que o mercado de trabalho ainda não deu sinais claros de melhorias, pelo que as famílias estão a revelar resistência em gastar dinheiro.
As vendas a retalho diminuíram 1,2%, a maior quebra desde Setembro de 2009, depois de, em Abril, ter aumentado em 0,6%, revelou o Departamento do Comércio norte-americano citado pela Bloomberg.
Os economistas consultados pela agência esperavam um acréscimo de 0,2% nas vendas a retalho.

Contradição?
Para Informação Incorrecta não. Já sublinhamos como na floresta de short sell, CDS, Dark Pools, High Frequency Trading e muito mais ainda, alguém tinha esquecido um pormenor: os desempregados.

Podemos utilizar técnicas sofisticadas, estabelecer mega-fundos de resgate, obrigar os bancos a portar-se bem: mas afinal quem tem de gastar o dinheiro são as famílias. E se nas famílias o trabalho não está presente ou é percebido como inseguro, então eis explicada a “resistência em gastar dinheiro“, como afirma o jornal.

Não deixa de ser curioso o termo utilizado pelo Jornal de Negócios: resistência? Mas se não tenho dinheiro ou se as minhas perspectivas são incertas, o que gasto?

Ao longo dos últimos meses ouvimos muitos exponentes da economia falar de medidas para conter o deficit. Medidas necessárias, sem dúvidas. Mas nunca ouvimos alguém falar da maneira para criar empregos.

Sim, conhecemos a teoria: se a economia funcionar automaticamente o emprego será gerado.
Mas quem tem que pôr o motor da economia a funcionar? As famílias europeias, atingidas por medidas draconianas? Ou os milhões de desempregados dos Estados Unidos?

Depois ouvimos falar de resistência em gastar o dinheiro. O que implica que as famílias têm dinheiro. Mas não o gastam. Porquê? Assim, não calha ou não lhe apetece. As famílias são malandras, é isso.

Nós continuamos a pensar que haja por aqui pessoas que perderam o contacto com a realidade…

Ipse dixit.

Fontes: Jornal de Notícias