O manager camponês

Um alarme após o outro: um jogo perverso que resulta numa alta pressão.

O Banco Central Europeu (BCE) adverte:

A consolidação orçamental terá que exceder significativamente o ajustamento estrutural de 0,5 por cento do PIB, numa base anual, como requisito mínimo estabelecido no Pacto de Estabilidade e Crescimento

E continua:

A crise financeira poderá limitar o crescimento. […] Interacções negativas mais intensas ou prolongadas do que o esperado na economia real e o sector financeiro, novos aumentos do petróleo e outras matérias primas, aumento das pressões proteccionistas e da possibilidade de uma correcção desordenada dos desequilíbrios globais podem também influenciar negativamente. […] Novos aumentos da taxa de desemprego na zona euro são possíveis nos próximos meses, embora a um ritmo mais lento do que observado em 2009

destaca o Banco Central Europeu, que observa que a taxa de desemprego média subiu para 10% no primeiro trimestre, a maior desde Agosto de 1998.

Entretanto o Euro continua a própria alegre descida face ao Dólar:

É o nível mais baixo desde Março de 2009: o euro atinge nova baixa nos últimos 14 meses face ao dólar, caindo para quota 1,2522. A moeda europeia sofre as perspectivas cada vez mais incertas para a recuperação da zona do euro, depois de Portugal e Espanha também lançarem os seus programas de austeridade para reduzir o deficit orçamental e evitar seguir o destino da Grécia.

Então, o super-plano de 750 bilhões?

Os mercados das moedas olham com suspeitas para a resposta de emergência do BCE e da UE: se o plano acalmou as tensões no mercado de títulos e bolsas de valores, são ainda muitas as incógnitas acerca da implementação e eficácia das medidas anti-deficit, enquanto a única certeza será o impacto negativo em termos de crescimento económico e tensões sociais.

Traduzindo: não há super-plano? Os mercados desconfiam. Há super-plano? Desconfiam na mesma.
Explicação: os super-planos são bons para os políticos e para o povo ver, mas não para quem arrisca o próprio dinheiro no carrossel das Bolsas de valores. Aqui os operadores querem certezas, não só palavras e declarações de intentos.

Compreensível.

Mais pragmáticos, os EUA traçam o rumo.

A sede da Toyota em Georgetown, Kentucky, tem um enorme jardim de tomate e abóboras, enquanto na sede do armazém geral de Kohl’s, em Milwaukee, a ênfase está na acelga, espinafre e saladas. Mesmo a PepsiCo, o gigante de 60 bilhões de dólares especializada em alimentos-lixo como Mountain Dew, Cheetos e Rice-A-Roni criou no próprio interior um jardim corporativo, estritamente biológico, cultivado pelos trabalhadores que no final do dia regressam a casa com sacos cheios de frutas e legumes.

Explica o New York Times:

É a última tendência nos EUA da crise económica para a moral dos empregados, as empresas não podem mais permitir-se aumentos salariais, prémios e viagens de incentivo, por isso inventaram um novo benefít: o pomar da empresa.

Uma tendência que não é limitada às empresas, ao que parece: de acordo com o último levantamento da Associação Nacional de Jardinagem, em 2009 41 milhões de americanos têm cultivado a própria fruta e legumes. Um aumento de mais de 13% em relação ao ano anterior. E parece que o número deve subir ainda mais este ano.

O manager-camponês a solução? Com o pessimismo que circula, não espanta…

Fontes: Corriere della Sera

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