As contas duma Sexta-feira infeliz

Muito bem.
Vamos contar mortos e feridos? Vamos.

Primeiro: os dados. Madrid -6,64%; Milão -4,9%Paris -4,59%; Lisboa -4,27%; Londres -3,32%; Atenas -3,13%.
Entretanto Wall Street abriu em baixa: Nasdaq -2,59 e Dow Jones -1,99. Frankfurt e Tokio também fecharam com sinais negativos.

Mais ninguém? Ah, pois: o Euro. Na altura em que escrevemos a moeda continental vale 1,2375 Dólares.
A moeda está em queda livre, mas isso já deixou de ser novidade. A notícia será o dia no qual o Euro conseguirá travar.

E por enquanto chega.

Reacções oficiais? Nada, silêncio absoluto.
Doutro lado, o que poderiam dizer? Acabaram de viabilizar uma operação de resgate com a qual salvar a Grécia e impulsionar o Euro. Da moeda já falámos, quanto à Grécia as novidades são que Moody’s irá baixar o rating nos próximos tempos.
E o pior é que os mercados estão preocupados: o plano de resgate e os apertos nos outros Países irão afectar a economia?

Acerca deste último ponto responde o Ministro da Economia de Portugal:

As medidas anunciadas pelo Governo são “imprescindíveis” para que se “possa realizar o crescimento da economia nas melhores condições”, reconheceu o ministro, admitindo porém, que, “no curto prazo, [possa] haver impactos que penalizem o desenvolvimento económico“.

Pelo que a resposta é: sim, os apertos irão prejudicar as economias. Como deve ser segundo as leis da Natureza.

Mas o Fundo Monetário Internacional  está satisfeito. 

Apesar dos alertas, o FMI ressalva que as suas estimativas hoje divulgadas não têm ainda em conta as medidas de austeridade apresentadas esta semana por Espanha e Portugal, considerando mesmo que estes dois países estão a ir na “direcção certa”. Carlo Cottarelli, responsável pela análise orçamental do FMI, afirmou, de acordo com a Bloomberg, que os dois países “deram passos importantes” para reduzirem os seus défices.

É isso que conta.
E se o Fundo ficar feliz nós também não podemos reprimir um grito de exultação.

Dizia há muito tempo um político português: há vida para além do deficit.
Pontos de vista. Segundo o FMI não é bem assim.

Diferentes as impressões de quem ainda não perdeu o contacto com a realidade:

“Persiste uma verdadeira preocupação de que, com o pacote de ajuda europeu anunciado no início da semana, as perspectivas de crescimento para a Europa caiam num buraco negro, com os governos do continente cortando gastos e elevando impostos para recolocar sob controle os seus enormes deficits”, avaliou Michael Hewson, analista da CMC Markets.

“O tema mais fundamental, claramente, é que a libertação de fundos não melhora a questão da solvência por si só. Posições fiscais insustentáveis continuam insustentáveis na ausência de reformas estruturais decisivas, e isso leva tempo para acontecer”, comentou Michael Hart, estrategista do Citigroup.

 “…o pacote de ajuda europeu anunciado no início da semana…”

Chegou a altura em que alguém no mercado deseja ver as cartas?
“Onde está este trilião de Dólares?” pode ser a pergunta dos operadores.

Se assim for, as mentes pensantes de Bruxelas têm um problema pela frente.
Se assim for, é melhor fechar portas e janelas.

Fontes: Jornal de Negócios; Estadão;

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