Auf wiedersehen?

A Alemanha abandona a União Europeia?

Dito assim parece uma anedota ou um artigo de qualquer jornalista louco.

Mas a fonte não pode ser subestimada: é o Telegraph.

Morgan Stanley receia saída alemã da UE

“A ajuda para salvar a Grécia e a atitude da BCE que passou por cima das próprias regras estabelecem um mau precedente para os estados da área do euro e torna mais provável que a zona euro degenere numa zona de prodigalidade fiscal, fraqueza da moeda e maiores pressões inflacionistas”, disse Joachim Fels, chefe da pesquisa, numa nota aos clientes.

O banco americano afirma que a salvação da Grécia pode ser necessária para evitar uma crise do sistema financeiro europeu, mas alertou que também “espalha as sementes para problemas potencialmente ainda maiores no futuro próximo”.

Fels disse que os Estados fracos não podem facilmente sair da UE, porque iriam pagar uma pena dura em termos de taxas mais altas, seriam presos com os contratos de dívida em euro, e que poderiam precisar de muito controle para conter a fuga de capitais. É um cálculo diferente para a Alemanha, que obteria taxas mais baixas e pode ver uma saída da UE como a única maneira de garantir a estabilidade monetária.

“Obviamente, não chegámos ao fim do jogo ainda. No entanto, com os desenvolvimentos mais recentes, o cenário duma ruptura tornou-se claramente mais provável. O risco está longe de ser insignificante e as consequências para os mercados financeiros seriam muito graves.” afirma.

Declarações dum funcionário em pleno estado de confusão? Uma cervejola a mais?
Ou uma tentativa para desestabilizar o mercado (e não seria a primeira)?

Pode ser. Aliás, é provável.
Talvez uma tentativa para desestabilizar o mercado feita por um funcionário em confusão após uma cervejola a mais.

Mas temos também outras “pistas”. Zero Hedge, por exemplo:

A página web da empresa Kitco.com espalhou vozes segundo as quais a Alemanha irá deixar a zona euro e reintroduzir os Marcos alemães. E ainda há mais material que  alimenta as vozes: o alemão Gregor Gysi, político esquerdista, disse na TV que pode haver um anúncio importante a ser feito na sexta-feira. 

A pista mais quente pode ser encontrada em godlikeproductions.com . Um post dum anónimo, que afirma ser um funcionário da Deutsche Bank, que escreveu que o banco recebeu um contentor cheio de novas notas de Marcos alemães e moedas. Acrescenta que irá publicar uma imagem do novo Marco na manhã de Quinta-feira.

Só por curiosidade, traduzimos o post em questão (que pode ser encontrado aqui):

Trabalho na Deutsche Bank, na Alemanha. Hoje entregamos um recipiente com notas e moedas do novo Deutsche Mark. Vou apresentar uma foto destas novas notas amanhã de manhã. A mudança será feita na noite de sábado para domingo 2010/05/16. Na Sexta-feira, 19.00 GMT, Angela Merkel, Chanceler da Alemanha, terá um discurso para a nação alemã.

Bom, agora é só esperar: amanhã as notas, Sexta-feira a Merkel.

Na nossa opinião uma saída da Alemanha da Zona Euro é improvável: qual o sentido de empenhar-se a fundo na salvação da União (ver caso Grécia) para abandonar tudo só poucos dias depois?

É verdade que a coligação de governo sofreu uma pesada derrota nas últimas eleições: mas duvidamos que a solução para obter de volta a confiança dos eleitores possa ser esta.

 A próxima crise segundo a BCE

Muito mais interessantes as seguintes declarações, contidas no já citado artigo do Telegraph:

Jürgen Stark, economista-chefe do Banco Central Europeu, prometeu na quinta-feira resistir à pressão para ajudar os governos a resolver os próprios problemas através do recurso a dinheiro fácil. “Deixe-me salientar que qualquer apelo para reduzir o valor real da dívida pública através dum aumento da inflação vai ser firmemente combatido pelo BCE”, disse.

Stark disse que a crise global de crédito está começando a transformar-se numa ameaça mais profunda para os estados altamente endividados. “Nós podemos já ter entrado na próxima fase da crise: a crise da dívida soberana na sequência da crise económica e financeira. A maioria dos governos dos países desenvolvidos vai sair da recessão com o maior défice e o maior ratio dívida/ PIB registados em épocas de paz. É essencial evitar que as finanças públicas fiquem fora de controle ” continuou.

Stark disse que a dívida pública chegará a 88% do PIB no próximo ano na zona euro e no Reino Unido, 100%  nos E.U.A., 200% no Japão. “Não há dúvida de que as políticas fiscais têm sido postas num caminho que não é sustentável“.

Stark não revelou os nomes dos principais pecadores da zona do euro, mas as suas advertências são claramente dirigidas a Grécia, Espanha, Portugal, Itália e Irlanda. A recusa em deixar que a inflação UE cresça significa que esses países terão de realizar “desvalorizações internas” ou profundos cortes de salários para que as próprias economias fiquem sintonizadas com o Norte da Europa.

Alguém da BCE começa a falar dos verdadeiros problemas: dívidas soberanas em primeiro lugar.

Esperamos que não seja uma voz isolada.

Ipse dixit.

Fonte: Telegraph, Zero Hedge
Tradução: Massimo De Maria

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