Kaczynski: um caso complicado

Lembram o acidente do Presidente polaco? Pois, ninguém já fala no assunto. Mas Informação Incorrecta prometeu seguir o caso e assim é.
Há pouco foi tornada disponível uma nova versão do vídeo que os nossos leitores já tiveram ocasião de observar (o anterior vídeo: Acidente do Presidente Polaco: o vídeo).
A análise das imagens com a técnica slow motion permitiu descobrir pormenores interessantes: nomeadamente, pessoas que caminham entre as árvores ou os destroços do avião. Até mostra uma pessoa que cai após algusn tiros.
Para já o vídeo: 

As vozes foram analisadas também e agora, perto da metade do vídeo, é possível ouvir “Não nos matem!”.
Muito está a ser discutido acerca da frase ouvida. Para alguns é a prova definitiva da conspiração, mas para nós assim não é. 
Lembramos quanto já escrito no post dedicado ao acidente:

ao chegar, os militares encontram um grupo de pessoas que não parecem muito preocupadas com o socorrer eventuais sobreviventes mas, pelo contrário, estão a procura de algo para levar. E, tratando-se de militares, é lógico o recurso às armas de fogo para intimidar e afastar estes indivíduos. Lembramos a importância das pessoas transportadas pelo avião.

Assim a frase “Não nos matem!” pode ser dos alegados sobreviventes, mas também dos curiosos intimidados pela chegada dos militares.
Não é uma prova definitiva.
O que resulta mais interessante é sem dúvida a presença de alguém que se mexe entre os destroços. Isso faz pensar, de facto. Pena que a qualidade das imagens não seja a melhor, mas neste link podem encontrar mais slow motion: cada um pode assim chegar às próprias conclusões.
Mas há mais.
O autor do vídeo, Adrjj Mendierej, foi morto. Foi encontrado em Kiev com uma faca no peito no dia 15 de Abril.
Levado para o hospital, foi encontrado morto no dia seguinte com o respirador desligado e outras três facadas. Quando se diz: o azar…
Neste link podem encontrar o fórum da Pravda com a discussão deste caso; e, com uma procura no Google, é também possível encontrar umas discussões em Inglês.
Uma coincidência (?) bem inquietante…
E muito inquietante também é a questão do horário.
O jornalista Viktor Bater vive na Rússia e é o correspondeste da televisão polaca POLSAT. 
É um jornalista muito falado no País de origem, parece ter boas amizades nos serviços secretos de Moscovo.
No vídeo deste link afirma ter recebido a notícia do desastre pelo telefone às 08:40, quatro minutos após o acidente que, assim, teria acontecido às 08:36. 
Mas a versão oficial insiste que a hora do impacto foi 08:56.
Se a reconstrução do Bater estiver correcta, porque o alarme foi dado 20 minutos após a acidente?
E, naturalmente: quem teria alertado o jornalista?
Além do testemunho de Bater existe outra prova: o avião, de facto, cortou um cabo eléctrico ao longo da queda. O cabo foi trançado às 10:39:35, hora de Moscovo. (Fonte: Fronda)

Hoje, às 10h56 (7h56 hora de Lisboa), quando tentava aterrar no aeroporto, o avião Tupolev-154, que fazia a ligação entre Varsóvia e Smolensk, despenhou-se nos arredores da cidade”, precisou Irina Andrianova, porta-voz do Ministério russo para Situações de Emergência. (Fonte: Público)

20 minutos de diferença? É muito, muito tempo…

Mas não podemos excluir de forma definitiva a hipótese duma fatalidade ou erro.
O aeroporto de Smolensk é dotado dum sistema NBD. Este tipo de radiofarol  prevê dois holofotes a uma distância de 4 e 1 quilómetros antes da pista de aterragem. Em Smolensk os holofotes são posicionados 6 e 1 quilómetros antes.
Também esta anomalia (lembramos que o aeroporto em questão está em fase de reestruturação) pode ter sido a causa do desastre: o piloto pode ter baixado o aparelho antes do necessário.
E que o avião voasse demasiado baixo é demonstrado pelas árvores abatidas 1.100 metros antes da pista.
Confirmadas as condições meteorológicas com fraca visibilidade. Eis o report:
10:00Z (1pm) Temp 3°C Dew 2°C Humidity 94% QNH 1025 hPa Visibility 4 kilometers Winds east 14.4 km/h / Mist

07:00Z (10am) Temp 1°C Dew 1°C Humidity 98% QNH 1026 hPa Visibility 0.5 kilometers Winds SE 10.8 km/h / Heavy Fog

04:00Z (7am) Temp 0°C Dew -1°C Humidity 89% QNH 1025 hPa Visibility 4 kilometers Winds ESE 7.2 km/h / Mist
01:00Z (4am) Temp 3°C Dew -0°C Humidity 72% QNH 1025 hPa Visibility 10 kilometers Winds SE 7.2 km/h /
22:00Z (1am) Temp 6°C Dew -0°C Humidity 52% QNH 1025 hPa Visibility 10 kilometers Winds SE 7.2 km/h

Visibilidade 500 metros e denso nevoeiro às 10:00 hora local.
Confirmado também que os homens da torre de controle falavam em Russo e não em Inglês com os pilotos Polacos. O que, em teoria, não seria permitido.
E confirmado é o facto do piloto ter recusado seguir as indicações do aeroporto para mudar o lugar de aterragem (Moscovo e Minsk eram as alternativas).
Erro humano? Pode ser uma explicação também.
Mas se dum erro temos que falar, porque as discrepâncias das versões? Porque as suspeitas? Porque os atrasos na decifração dos caixas negras?
Talvez exista uma razão.
O Tupolev- 154 fazia a ligação entre Varsóvia e Smolensk. Lech Katchinski dirigia-se para a localidade russa de Katyn para prestar homenagem aos soldados polacos executados em 1940 pelos serviços secretos soviéticos.
Os relacionamentos entre Polónia e Federação Russa estavam a melhorar, embora de forma lenta, após tensões e a comemoração das vítimas de Katyn era a demonstração disso.
Pela primeira vez na Rússia falava-se de forma aberta acerca dos crimes de guerra da Armada Vermelha e mesmo poucos dias antes do acidente tinha sido transmitido um filme pela televisão russa, filme acerca da matança de Katyn; filme que realça as responsabilidades russas.
A presença do Presidente Polaco na Rússia carregava assim significados políticos importantes: uma aproximação entre os dois Países. Aproximação que também Moscovo tinha procurado.
E que acontece? Acontece que o avião do Presidente cai em território russo, perto dum aeroporto em fase de reestruturação, sem radar anti-nevoeiro, com um sistema de radiofarol e pessoal de terra que não respeitam as normas internacionais.
Lógico o embaraço das Autoridades Russas. Um forte embaraço numa altura tão delicada entre os dois Países. Que agora, após o acidente, ficam mais afastados, com suspeitas e reciprocas recriminações.
Pode este cenário explicar, aos menos de forma parcial, as incongruências relevadas?
Pode, de forma parcial.
Por isso continuaremos a seguir os desenvolvimentos duma história que não está absolutamente esclarecida.

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